Finalmente chegou o horário do almoço. Eu a esperava ansiosamente na mesa. Aquela mesma em que ela sempre sentava sozinha, mas desta vez eu estaria ali, ao seu lado. Quantas vezes, na minha imaginação, eu já não tinha me projetado ali, almoçando ao lado dela? Emily... O nome era simplesmente perfeito. A coisa mais bela que eu poderia ter imaginado. Quando menos espero, eis que surge a garota, com seus belíssimos cabelos lisos, um casaco de lã e a habitual saia até o joelho. Nossos olhos se cruzaram e meu coração dispara. Passei a sentir como se houvesse uma ventania em meu estômago. Meus dedos parecem formigar. Ela se aproxima devagar, com sua bandeja em mãos e senta em minha frente. Nossos olhos se cruzam e toda aquela pureza parece me invadir violentamente. Sinto minhas pernas tremerem.
- E então, o que mais temos para discutir? – ela pergunta da forma mais gentil que eu poderia esperar. Não havia mais sentido em insistir em todas aquelas bobagens.
- Bem... Na verdade eu preciso te contar uma coisa...
- Sim?
- Bem... Tudo o que eu te falei sobre alienígenas, portais interdimensionais e Escolhidos... Nada disso é verdade, sabe?
Ela apenas continua a me olhar séria. Aquela beleza me embriagava de uma forma que me fazia gaguejar enquanto planejava minhas explicações. Continuei:
- É que... Veja bem, eu sempre quis te conhecer melhor. Parece bobagem mas eu sinto que temos algo em comum. Sinto que sou diferente de todo mundo aqui, e sinto em você a mesma coisa. Você é especial. Ainda mais especial que eu. Eu... Ah, há dias que tenho todo um discurso decorado, na ponta da língua, dedicado a esse momento, mas é apenas você apontar esses olhos para mim que me sinto desarmado e me obrigo a dizer coisas idiotas, como essas bobagens sobre alienígenas do futuro e toda essa idiotice. Não sou bom com palavras... Eu não sei dizer as coisas que sinto na hora em que preciso dizer, e... Assim, você é a coisa mais pura que já conheci. Sei que mal nos conhecemos, mas tenho certeza de que ficar próximo a você é o que pode me fazer mais feliz nesse mundo. Nem que tenha que te observar à distância para sempre. Nem que você nunca mais fale comigo... Não quero te perder de vista.
Ela continuava me encarando com aqueles olhos invencíveis. Ouvia atenciosamente, até que surge o silêncio em meu discurso. Ela sorri. Um sorriso leve e gentil, sem mostrar os dentes.
- Mas eu nunca exigi de ninguém a verdade. Vamos continuar conversando sobre alienígenas, homens do futuro e canais secretos de televisão. Essa história toda... Você a inventou para mim. Me sinto tão honrada... Quero fazer parte deste mundo que criou pra mim, nem que seja só por um momento. Nem que seja só em imaginação. Vai ser divertido de uma forma que a minha vida jamais foi.
Nesse momento, ela desvia seus poderosos e delicados olhos dos meus. Por que não me olhava mais nos olhos? Será que o assunto a deixava perturbada?
- Sabe Max? Eu moro sozinha. Meus pais são divorciados e me consideram o motivo da separação. Nenhum deles me quer por perto, e eu entendo. Não quero causar mais sofrimento do que já causei. Não quero que as pessoas esperem de mim algo se possa haver uma chance, mesmo que seja mínima, de decepcioná-las. Eu nunca conheci o amor verdadeiro. O máximo que já senti por alguém foi por um velho que me chamava de Christine e, às vezes, esquecia que morávamos na mesma casa. Este velho não esperava nada de mim. Eu era invisível aos olhos dele, e eu o amava por isso.
Eu escutava atentamente. Aquela história... Nunca imaginei nada como aquilo. Ela continuou:
- Mas eu quero aprender um amor diferente. Quero amar e existir ao mesmo tempo. Quero ser amada por alguém. E este...
Neste momento ela se levanta, dá a volta na mesa, puxa uma cadeira para bem próximo de mim e senta ao meu lado. Sinto sua mão deslizar por meu braço, e seus dedos procurando se encaixar entre os meus. De repente, estamos de mãos dadas. O contato me deixou paralisado.
- Este mundo que você criou pra mim. Vamos construí-lo juntos?
- Sim...
- Eu não quero assistir mais as aulas. Vamos embora?
- Mas... E quanto aos exames? Como fugiremos sem que ninguém nos perceba?
- Quem se importa com os exames? E eu conheço um beco, entre o depósito e o ginásio, onde podemos pular a cerca com facilidade. Você aceita fazer esta loucura comigo Max?
De fato, quem se importa com os exames?
- É claro...
- Então vamos. Eu conheço uma lanchonete no caminho para o centro da cidade. Eu gostaria de conferir uma coisa lá. No caminho, você pode me contar mais sobre os Escolhidos, o Canal X e todas essas coisas fantásticas?
- Claro...
Foi o dia mais colorido de minha vida.
- E então, o que mais temos para discutir? – ela pergunta da forma mais gentil que eu poderia esperar. Não havia mais sentido em insistir em todas aquelas bobagens.
- Bem... Na verdade eu preciso te contar uma coisa...
- Sim?
- Bem... Tudo o que eu te falei sobre alienígenas, portais interdimensionais e Escolhidos... Nada disso é verdade, sabe?
Ela apenas continua a me olhar séria. Aquela beleza me embriagava de uma forma que me fazia gaguejar enquanto planejava minhas explicações. Continuei:
- É que... Veja bem, eu sempre quis te conhecer melhor. Parece bobagem mas eu sinto que temos algo em comum. Sinto que sou diferente de todo mundo aqui, e sinto em você a mesma coisa. Você é especial. Ainda mais especial que eu. Eu... Ah, há dias que tenho todo um discurso decorado, na ponta da língua, dedicado a esse momento, mas é apenas você apontar esses olhos para mim que me sinto desarmado e me obrigo a dizer coisas idiotas, como essas bobagens sobre alienígenas do futuro e toda essa idiotice. Não sou bom com palavras... Eu não sei dizer as coisas que sinto na hora em que preciso dizer, e... Assim, você é a coisa mais pura que já conheci. Sei que mal nos conhecemos, mas tenho certeza de que ficar próximo a você é o que pode me fazer mais feliz nesse mundo. Nem que tenha que te observar à distância para sempre. Nem que você nunca mais fale comigo... Não quero te perder de vista.
Ela continuava me encarando com aqueles olhos invencíveis. Ouvia atenciosamente, até que surge o silêncio em meu discurso. Ela sorri. Um sorriso leve e gentil, sem mostrar os dentes.
- Mas eu nunca exigi de ninguém a verdade. Vamos continuar conversando sobre alienígenas, homens do futuro e canais secretos de televisão. Essa história toda... Você a inventou para mim. Me sinto tão honrada... Quero fazer parte deste mundo que criou pra mim, nem que seja só por um momento. Nem que seja só em imaginação. Vai ser divertido de uma forma que a minha vida jamais foi.
Nesse momento, ela desvia seus poderosos e delicados olhos dos meus. Por que não me olhava mais nos olhos? Será que o assunto a deixava perturbada?
- Sabe Max? Eu moro sozinha. Meus pais são divorciados e me consideram o motivo da separação. Nenhum deles me quer por perto, e eu entendo. Não quero causar mais sofrimento do que já causei. Não quero que as pessoas esperem de mim algo se possa haver uma chance, mesmo que seja mínima, de decepcioná-las. Eu nunca conheci o amor verdadeiro. O máximo que já senti por alguém foi por um velho que me chamava de Christine e, às vezes, esquecia que morávamos na mesma casa. Este velho não esperava nada de mim. Eu era invisível aos olhos dele, e eu o amava por isso.
Eu escutava atentamente. Aquela história... Nunca imaginei nada como aquilo. Ela continuou:
- Mas eu quero aprender um amor diferente. Quero amar e existir ao mesmo tempo. Quero ser amada por alguém. E este...
Neste momento ela se levanta, dá a volta na mesa, puxa uma cadeira para bem próximo de mim e senta ao meu lado. Sinto sua mão deslizar por meu braço, e seus dedos procurando se encaixar entre os meus. De repente, estamos de mãos dadas. O contato me deixou paralisado.
- Este mundo que você criou pra mim. Vamos construí-lo juntos?
- Sim...
- Eu não quero assistir mais as aulas. Vamos embora?
- Mas... E quanto aos exames? Como fugiremos sem que ninguém nos perceba?
- Quem se importa com os exames? E eu conheço um beco, entre o depósito e o ginásio, onde podemos pular a cerca com facilidade. Você aceita fazer esta loucura comigo Max?
De fato, quem se importa com os exames?
- É claro...
- Então vamos. Eu conheço uma lanchonete no caminho para o centro da cidade. Eu gostaria de conferir uma coisa lá. No caminho, você pode me contar mais sobre os Escolhidos, o Canal X e todas essas coisas fantásticas?
- Claro...
Foi o dia mais colorido de minha vida.