sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Amizade

Eu quero sentir que estamos a uma distância segura
Onde você não possa fugir de mim
Nem que a proximidade seja tanta
Mas eu quero viver com mais gente
Quero viver cercado de gente
E quero ficar sozinho
Quero ficar sozinho com você
sozinho com todo mundo
Eu quero um mundo de segurança
Onde eu não precise fugir de ninguém
Eu quero um mundo de gente que passa
Mas quero que alguém fique comigo
Eu quero uma distância do mundo
E que a distância não seja tanta

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Ama-me, por favor

Ele olhou para o quarto vazio e lembrou que não tinha mais nada para lembrar. Nada que valesse a pena lembrar. Pensou também que não tinha mais nenhum plano para o futuro. Costumava ter, mas, agora não tinha mais ou, se tinha, eram todos muito imediatos e irrelevantes. Se acostumou a viver dos prazeres mais passageiros, recorrendo a eles com uma certa frequência, como a bebida e o tabaco. De repente, pensou sobre si mesmo e percebeu que havia se acostumado a viver desse modo, aguentando os dias da semana, hora após hora, pra tentar a sorte com a felicidade no fim de semana e sempre voltar pra casa no domingo com uma sutil , porém, profunda sensação de insatisfação que se arrastava pelas horas exaustivas e tediosas que estavam por vir na próxima semana. Estranhamente, pensou que havia se acostumado a viver sem, necessariamente, ser feliz, seja lá o que isso significasse. Estranhou também como se tornou comum e aceitável os olhos desviarem do espelho. Não havia porque fitar a si próprio, muito menos por muito tempo. O mais estranho ainda era que, apesar de pensar que havia se acostumado com tudo isso (e, talvez, não fosse só o porre que havia tomado), ainda sentia algo estranho... Era difícil definir, mas era como... uma náusea...

segunda-feira, 1 de setembro de 2008