sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Crônicas do Mundo 2

~A. em apuros ~

A. e J. caminhavam pelo jardim. J. era a melhor amiga de A. Era a garota mais bonita daquele jardim. Tinha cabelos dourados e grandes olhos da cor do mel. Usava um adorável vestidinho de verão e sua pele tinha cheiro de protetor solar. Caminhando por este jardim, as duas meninas encontraram uma criação de lindos coelhinhos presos por uma cerca de arame farpado. A. quis um para si, mas J. explicou que aqueles coelhos eram de E., o novo rei dos animais que matou o antigo rei com um taco de beisebol. A única forma de ter um daqueles coelhos seria pedindo um coelho de presente ao novo rei. O problema é que E. era um garoto violento e um pouco cruel. A. sentia um pouco de medo de E., mas, mesmo assim, resolveu tentar.

As duas garotas partiram para o Trono Selvagem. Lá, encontraram E. em seu trono, com uma capa vermelha enrolada no pescoço e a pesada coroa do rei dos animais sobre a cabeça. Vários animais assustadores estavam em volta do rei, como lobos, onças, touros, javalis e gorilas. J. disse à corte que A. queria um coelhinho de E. O garoto pensou, olhou para as duas meninas e perguntou:

- Vocês são virgens?

J. se apressou em dizer que não. A pobre A. não sabia o que era isso e apenas ficou calada. E. concluiu que sim, A. era virgem. Dois gorilas apanharam A. pelos braços e E. disse:

- Que conveniente! Há tempos devo uma virgem como sacrifício a King Kong. O velho macaco deve estar morrendo de fome. Animais, façam os preparativos! Teremos um sacrifício esta noite!

Os animais celebraram e A. foi levada até o covil do King Kong. Foi amarrada em um grande tronco entre um circulo de tochas, em frente à caverna do grande gorila. Era lua cheia – a lua perfeita para fazer oferenda aos deuses. As cordas estavam tão apertadas que machucavam os pulsos e os tornozelos de A. De repente, J. apareceu, com roupas indígenas, o rosto pintado, uma pena na cabeça e um coelhinho branco nos braços. Disse que E. a tinha pedido em namoro e que havia aceitado, e que ele havia lhe dado todos os seus coelhos.

J. falou, enquanto passava pimenta no corpo de A.:

- Não grite, pois isso apenas deixará o King Kong mais enfurecido, o que te fará sofrer mais. Lembre-se de chorar baixinho.

Barulhos estranhos vinham da toca do King Kong. Os macacos tocavam freneticamente os tambores da selva. A. nunca havia sentido tanto medo. A menina fechou os olhos e tentou acordar com toda a força.

Desconectada. O Mundo 2, às vezes, podia ser realmente assustador.

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