segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Crônicas do Mundo 2

~ A Floresta das Ilusões ~

Deitada em sua cama, A. olhava para o teto de seu quarto e pensava nas coisas como sempre fazia antes de dormir. De repente, A. sentiu que havia algo estranho acontecendo. Estava afundando na cama, como se houvesse um buraco no colchão. A menina tentou se segurar nos lençóis, mas estes também foram lentamente dragados pelo colchão. Após ser engolida pela própria cama, A. caiu. Uma queda longa que a fez sentir calafrios na barriga. Lá no fundo deste imenso buraco (ou seja lá o que fosse), A. viu outra A. deitada sobre outra cama, dormindo. A. caiu sobre a outra A. e as duas se tornaram uma.

Assim que acordou, A. se viu vestindo uma longa camisola branca e um par de pantufas. Estava em um quarto que não era o seu. Um quartinho pequeno, das cores branco e rosa. A menina se levantou e andou pelo quartinho. Estava em uma casa de bonecas no meio de uma grande floresta. Pela janela, A. via apenas árvores e folhas secas sobre o chão. Aquela era a Floresta das Ilusões.

De repente, começaram a sair de todos os lugares belas bonecas com vestidos rendados, cabelos cacheados, olhos brilhantes cobertos por cílios longos e curvados e bochechas avermelhadas. Fizeram uma cortês reverência à menina e disseram:

- Bom dia, Princesa. Dormiu bem? Temos biscoitos esperando pela senhorita. Logo pentearemos seus cabelos e a vestiremos como a princesa que é.

A. não entendeu o que estava acontecendo. Seria mesmo uma princesa? As bonecas explicaram que sim, este é o título com que elas deviam tratar sua dona até que esta casasse, para então receber o titulo de Senhora Rainha. Aquelas eram as bonecas de Pierot, um belo mágico que morava num castelo flutuante e fazia bonecas dotadas de vida para servirem suas amantes, mas A. nunca nem ao menos viu o tal mago. Como poderia ser amante de alguém assim? A. comeu alguns biscoitos e partiu à procura do jardim onde estavam os seus amigos. Levou consigo apenas a boneca Blanche, a de cachinhos louros e olhos verdes. As demais deveriam cuidar da Casa de Bonecas.

Enquanto caminhavam pela mata, uma fadinha brilhante sobrevoou a cabeça de A. Aquela era Jingle Twingles, a fada mais levada de toda a floresta. Uma fadinha estranha com olhos de inseto. Blanche contou que aquela fada havia até mesmo sido expulsa do Bosque das Fadas pela Rainha Titânia por suas brincadeiras cruéis. Jingle Twingles disse para A.:

- Escute menina, estou entediada. Vamos brincar de esconde-esconde, está bem? Você procura, é claro. Vamos, vai ser divertido! ...Não? Pois bem, se é assim que quer, terei que pegar pesado com você. Enquanto não me encontrar, usarei minha magia para fazer com que se perca pelo bosque e fique presa aqui para sempre. Pronta? Aqui vou eu!

A. não podia encontrar a fadinha levada em lugar nenhum, nem ao menos fugir por já estava sob o feitiço de Jingle Twinkles. A. se sentou sob uma árvore e se pôs a chorar. Blanche lamentou não ter trazido um lenço para sua princesa. Eis que, então, pousa uma grande coruja com um par de óculos sobre a árvore em que A. estava e disse:

- Hoo hoo! Olá, minha cara jovem, o que uma bela menina e sua boneca fazem numa floresta como esta? Há um portal que leva ao seu jardim logo ali em frente e... O que? Jingle Twinkles fez uma coisa terrível dessas? Aquela fadinha levada! Não se preocupe, vê aquela árvore oca ali? Aposto que ela esta lá. Agora senhoritas, se não se importam, receio que preciso, o quanto antes, voltar à minha biblioteca. Adeus e boa sorte! Hoo hoo!

A. enfiou a mão pelo buraco da árvore e tirou Jingle Twinkles de seu esconderijo. A fada acusou a menina de roubar no jogo e disse que não a libertaria de sua maldição. A fadinha, agora presa em sua mão, era tão frágil que A. decidiu quebras seu braço esquerdo. Foi como quebrar um graveto. Explicou à fadinha que quebraria cada um de seus membros lentamente até que fosse libertada do feitiço. Jingle Twinkles gritou, chorou e prometeu nunca mais se meter com A.

Em frente, A. encontrou uma grande e maciça porta de madeira no centro de uma clareira. Aquele devia ser o portal do qual o Mestre Coruja falara. A. poderia, então, aproveitar o resto de seu tempo no jardim com seus amigos.

2 comentários:

blur disse...

tua mãe sabe que você escreve essas coisas pia?

Gentle Monster disse...

é ela que escreve. eu só posto :O