terça-feira, 25 de novembro de 2008

Somewhere... Over the rainbow...

Há pouco tempo atrás, mais ou menos um mês, eu perdi uma pessoa muito querida. Uma das pessoas mais próximas que eu já tive na minha vida.
Já faz quase um mês e a família agora sofre apenas nos momentos em que a presença dele faz realmente muita falta. No começo a gente chorava bastante, a qualquer momento. Nunca se sabia quando alguém não choraria repentinamente. Agora passou e a gente tá tocando a vida em frente, porque não vale à pena ficar sofrendo pra sempre. “Chorar não vai trazer ele de volta”.
Nada vai trazer ele de volta, com certeza. Aquele defunto pra quem todo mundo rezava no velório não era mais aquele amigo que eu tinha, mas, vale mesmo à pena tocar a vida em frente? Eu não sei, mas já percebi que não tenho escolha. Sabe por quê?
Foi a primeira pessoa próxima a mim que eu perdi. Foi absolutamente inesperado. A morte apareceu diante dos meus olhos e disse: “fique esperto, meu irmão, que você pode ser o próximo a cair”. Uma pessoa que eu sinceramente considerava meu amigo não existe mais. Assim, do nada. Acabou tudo. O que eu pensei? “A vida não vale nada mesmo”. É, mas, você acha que eu ainda tô pensando assim?
Passou uma semana e aquele trabalho pra faculdade que eu tenho que entregar até novembro voltou a se tornar um problema real. Aquela conta que eu tenho que pagar voltou a me encher o saco (odeio fila de lotérica, banco, farmácia ou a puta que pariu). A queda do meu time pra segunda divisão voltou a me incomodar. E toda a noite, antes de dormir, eu me lembro do falecido e penso “essas minhas preocupações realmente não fazem sentido nenhum”.
Eu não sei. Provavelmente não. Mas eu não tenho escolha, afinal, eu mesmo só me dou ao luxo de pensar no sentido de toda essa palhaçada depois de já ter comprido com todas as minhas obrigações. A gente toca a vida em frente, mas isso não é porque a vida é bela: é porque a gente não tem escolha. Você sabe que pagar a luz antes do vencimento e entregar o trabalho antes do prazo, no final, é mais importante que a morte de uma pessoa querida ou a efemeridade da vida.
Se eu queria sentir mais, ou, ao menos, com mais intensidade? Acho que queria. Eu chorei pouco, não sei se isso é bom ou ruim. Talvez se eu pudesse chorar mais... Sei lá.
Sei que ainda acho que ficar trancado no quarto esquecendo da vida por uns longos meses ainda me parece uma reação mais natural à morte do que chorar no velório e correr atrás do trabalho da faculdade no dia seguinte.

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